sábado, 31 de maio de 2008

A comida

Em Bali, a comida é tipicamente asiática: muito picante e cheia de sabores diferentes como o leite de coco, o caril, a soja e mais umas quantas especiarias que tornam os pratos absolutamente deliciosos!

O prato “Rei” em Bali são os Fried Noodles, ou como eles lhes chamam “Mi Goreng”. É uma massa de arroz salteada com legumes, ao que se poderá adicionar frango ou marisco, dependendo do gosto, um ovo estrelado em cima e temperada com MUITO picante, caril, soja e uma pitada de sal.

São deliciosos! Todos os dias era o meu almoço e por vezes o jantar também. Não admira que tenha voltado completamente enjoada de comida asiática!!

Os melhores que comi em Bali e em qualquer outro país asiático onde estive (na Tailândia e em Singapura também fazem) foram os do Warung da praia de Uluwatu. Deliciosos! Inclusive, estive na cozinha a aprender a prepará-los com a cozinheira. Não é nada complicado. Acho que já me safo bem a fazê-los.

Outro prato também muito típico, é o arroz frito ou Nasi Goreng como é chamado por aquelas bandas. É em tudo semelhante ao Mi Goreng, mas em vez de ser massa, é arroz. Este prato é comido pelos locais ao pequeno-almoço! Como o dia começa muito cedo (às 6h00 já é dia e muito quente) cai muito bem um pequeno-almoço reforçado. Como eles comem muitas vezes ao dia, estes dois pratos são excelentes pois são rápidos de preparar e muito baratos.

Comemos também algum peixe que eles diziam ser fresco e que sempre me pareceu ser Atum e muitos pratos de frango, como por exemplo Satay que são pequeninas espetadas de frango grelhado, acompanhadas com arroz branco cozido e com molho de manteiga de amendoim. Escusado será dizer que, também estas espetadinhas, MUITO picantes!

Claro que, com a globalização, já existem restaurantes das mais variadas cozinhas do mundo: Japoneses, Italianos, Mediterrânicos, Tailandeses e inclusive o celebre MacDonald’s e a Pizza Hut. Não vimos por lá nenhum restaurante Português para matar saudades, mas também, chegámos à conclusão que eles não sabem muito bem onde fica Portugal!

As bebidas eram invariavelmente um sumo de fruta (banana, papaia, ananás, melancia ou um mix destes todos) ou uma Bintang, que é a cerveja mais consumida em Bali.

Para sobremesa comia-mos quase sempre uma Panqueca de Banana acompanhada com dois “baldes” de Bali Kope, que é um café muito fraco, tipo cevada, típico de Bali. Também cheguei a provar um doce de arroz preto com leite de coco e banana, super enjoativo pois era servido quente, mas muito na onda do nosso “arroz doce”.

A fruta, essa, dispensa apresentações. Tropical e muito docinha, era comida sempre ao pequeno-almoço e também ao lanche na forma de Salada de Fruta, mas não daquelas saladas de frutas a que estamos habituados com fruta cortada sabe Deus há quanto tempo e mergulhada numa calda de açúcar com sumo de laranja. A salada de fruta em Bali é feita de fruta cortada em grandes pedaços e regada com mel. O prato chegava-nos às mãos qual castelo de cartas. Era difícil não deixar cair nada de tão cheio que estava!

Nos sítios menos turísticos, mais típicos, vinha sempre uma colher e um garfo a acompanhar o prato. Apenas nos restaurantes mais turísticos, traziam um faca e um garfo. No inicio é difícil habituarmo-nos a comer de colher (já lá vão muitos anos!), mas ao fim de 3 ou 4 refeições, já estamos habituados. Como a comida também não tinha muito que cortar, não havia grande problema. No entanto, comer com a mão esquerda, é considerado um gesto porco, portanto, a evitar.

Os Hindus da Índia são vegetarianos, mas os Hindus de Bali podem comer peixe, galinha, vaca e porco pois crêem que os Deuses também comem estes animais. Não comem nada daqueles animais de estimação como o gato e o cão, mas quando lhes perguntei se comiam coelho, responderam-me que não pois era muito caro! No entanto, dado que há muitos Muçulmanos em Bali vindos de Java, Lombok e Sumatra, a carne de porco não é servida em todos os sítios (para quem não sabe, os Muçulmanos não comem carne de porco). Quando estivemos em Ubud, o Jorge comeu um tipo de Leitão assado na brasa (em nada semelhante ao nosso em sabor) muito típico daquela região e considerado uma iguaria.

sábado, 24 de maio de 2008

O trânsito

Um dos “encantos” (poderá dizer-se assim) de Bali é o trânsito.

Quando estamos parados naquelas filas intermináveis da VCI em hora de ponta a protestar por os carros estarem a mandar tantos gases com efeito de estufa (embora alguns deles utilizem já energias alternativas como o biodiesel e outros já sejam híbridos) sem saber porque existem 3 organizadas filas de trânsito que avançam lenta e ordeiramente em direcção à Ponte da Arrábida, devemos sempre pensar em Bali e, então, até parece que a fila começa a andar mais rápido!!

Em Bali não há, ou melhor, parece não haver regras na estrada. É o salve-se quem puder. Os únicos sinais respeitados são o sinal de STOP e os semáforos. As passadeiras só lá estão para enfeitar a estrada, pois ninguém consegue atravessar numa passadeira e, se por acaso (como era o nosso caso) alguém pára para dar passagem a um peão, quem vai a atravessar, corre o sério risco de ser atropelado por motas ou outros carros que ultrapassam o carro que parou para dar passagem!!

A condução é feita pela esquerda (volante à direita), embora possamos encontrar muitas vezes pessoas a conduzir pela direita!! Independentemente do número de faixas existentes na estrada (que em geral são uma no máximo duas para cada lado), as filas são tantas quantas se conseguirem fazer. Eu explico: Quando parávamos num semáforo, passado pouco tempo reparávamos que, para além de estarmos rodeados de motas por todos os lados (só estas fazer umas 5 ou 6 filas) começavam também a acumular-se outros carros, camionetas e camiões. Quando o semáforo abria, primeiro era preciso ter cuidado com as motas, depois era o salve-se quem puder a arrancar. As estradas não são más de todos nos grandes centros urbanos como Kuta e Denpasar. Mas, á medida que nos afastamos vão piorando a olhos vistos!

Mas, no meio deste caos total, os balinenses entendem-se muito bem. O único elemento destabilizador do seu trânsito caótico são os turistas que teimam em alugar carros e motas e vêm com a mania das regras, das filas, das prioridades, de parar para deixar passar alguém (nem pensar em fazer semelhante em Bali!) e acabam por desorganizar o que por natureza já está organizadamente desorganizado!

Quando chegámos a Bali, para não variar e como bons turistas que somos, alugámos um todo-o-terreno Suzuki Katana. Nem vale a pena falar das condições em que se encontrava o veículo: os cintos de segurança eram um filme para apertar, a suspensão talvez tenha existido em tempos mas já tinha acabado e a velocidade máxima seriam uns 80 Km/h (para ser boazinha!). Enfim, uma desgraça. Como se não basta-se, as emissões de GEE (Gases com Efeito de Estufa) deveriam ser proibitivas em Portugal (Em Bali não existe a rotina da Inspecção Automóvel). A boa notícia é que a gasolina (o nosso “Jeep” era a gasolina, imagine-se!) custa a módica quantia de Rp 4.500, ou seja, aproximadamente 0,30€, o que dá para fazer quilómetros à vontade sem estar sempre a olhar para a carteira!

Lá nos metemos no carro e após algum período de adaptação, como o lado certo da estrada para conduzir, buzinar a toda a hora e o reconhecimento de que é cada um por si, lá fomos nós em “digressão” pela ilha conhecer as coisas bonitas de que tanto ouvimos falar.

Nestes nossos passeios, assistimos a coisas do “arco da velha”. No caminho entre Candidasa e Medewi, apanhámos imenso trânsito. Camiões, autocarros, motas, enfim, muito de tudo. Os camiões, autocarros, carros, motas a ultrapassar camiões, autocarros, carros, motas (em estradas de uma só faixa para cada lado) com camiões, carros, motas e autocarros a vir de frente (atenção que por vezes uma faixa dividia-se em 3!), com galinhas, pintos, gatos, cães, crianças e adultos na berma da estrada quase a serem passados a ferro…. Enfim, só vendo para crer. Sempre dando uma buzinadelinha como que a dizer “Atenção que eu aqui vou!” e assim se vai a todo o lado.

A noção de distância em Bali mede-se em horas e não em km pois, com toda esta confusão, por vezes 60 km demoram 4 horas a fazer!!

Nunca vimos carros de instrução, o que nos levou a questionar como será que eles adquirem a carta de condução, mas também nunca vimos nenhum acidente, embora um estrangeiro residente em Bali nos tenha dito que, por semana, morrem cerca de 20 pessoas de acidente de mota.

Mas, desengane-se quem pensa que Bali é o pior sítio do mundo para conduzir. Conhecemos um alemão que nos disse ter feito uma viagem por toda a Europa a conduzir e adivinhem qual foi o país que ele achou mais perigoso e com menos civismo para conduzir? Nem mais, o nosso querido Portugal!!

A religião

A grande maioria do povo Balinense é Hindu. Como tal têm rituais religiosos totalmente diferentes dos nossos. Por exemplo, ao logo do dia, por várias vezes, colocam oferendas aos Deuses – nos sítios mais estranhos que se possa imaginar – para pedirem protecção para si e para todos. Essas oferendas são colocadas especialmente antes das refeições, num pequenino cesto feito artesanalmente pelas mulheres, com comida – arroz, bolachas, rebuçados! – ervas, flores – entre elas a Frangipani e o Hibisco – dinheiro e claro, o incenso que perfuma toda a Ilha de Bali, pois está a queimar durante todo o dia algures numa oferenda colocada em algum sitio! Como os Balinenses têm muitos Deuses, têm que colocar oferendas para todos!

Estas oferendas são colocadas na praia (areia), nos passeios, nas rochas, nos pequenos “altares” que cada pessoa tem na sua casa ou Warung (os nossos chamados “snack-bar “), nos templos espalhados por toda a ilha e em qualquer local onde seja possível colocar uma oferenda! Acreditam que os Deuses se deslocam em animais encantados como Dragões alados, Pássaros e outros animais tal como os macacos que são sagrados em Bali e de que vos falarei noutro post.

Como o povo Balinense é muito religioso e tem muita fé, os homens adornam as orelhas com pequenas pétalas de flores e também colocam alguns grãos de arroz colados na testa. As mulheres adornam os cabelos com as mais lindas flores que já vi – Frangipani - o que lhes dá um ar muito belo e sereno. Também enfeitam os templos com flores e colocam a Frangipani na cabeça dos Deuses que são normalmente estátuas feitas em rocha vulcânica preta ficando com um aspecto muito tranquilo e belo.

A linha orientadora da sua religião é o Karma. O Karma é aquilo que nos acontece depois de morrermos e reencarnarmos. Assim, existe o bom e o mau Karma: se se praticar o bem nesta vida, na próxima voltaremos a encarnar numa pessoa de bem e com uma vida boa e feliz. Isto é o bom Karma. Se fizermos mal nesta vida, na próxima poderemos encarnar num animal – por exemplo cão, rato, etc. – ou então nascer com uma deficiência física ou psíquica, dependendo do mal que tenhamos feito nesta vida e levaremos uma existência infeliz. Este é o mau Karma.

Achei maravilhosa a explicação que eles têm para estas tristezas da vida. De facto, é mais simples explicar desta forma, do que da complexa forma que nós conhecemos por “genética”. Isto explica também o porquê de serem um povo tão pacífico e tão respeitador do próximo.

De todos os rituais Balinenses, o ritual da cremação é sem dúvida o mais importante. É feita uma celebração em massa em que todos se reúnem para enviar a alma falecida para o paraíso (ainda melhor do que Bali!).
Outro momento muito importante é o Ano Novo Hindu: O dia do silêncio. Neste dia, não se pode fazer fogo, ninguém pode sair às ruas, nenhum carro pode andar nas estradas e nenhum avião pode levantar ou aterrar. Até os turistas têm que permanecer nos hotéis (ainda bem que este ano, o Ano Novo Hindu foi a 7 de Março!!). O objectivo é levar os espíritos malignos a acreditarem que Bali foi abandonada e irem para outro sitio qualquer.

Claro que no dia seguinte, é festança de arromba, porque este povo não é muito de ficar por casa!

É assim que os Balinenses celebram a sua fé, que é muita.Com rituais e práticas simples, aprendem a respeitar o próximo e esperam ser também respeitados.

quinta-feira, 22 de maio de 2008

O Povo Balinense

Começo pelas pessoas pois realmente uma das coisas mais apaixonantes em Bali e pelas quais vale a pena a viagem é aquele povo caloroso. Muito curiosos e sempre com vontade de saber mais sobre nós, não se acanham de perguntar sempre a mesma coisa: como te chamas, de onde vens, para onde vais, quantos anos tens, és casado(a), (se sim) tens filhos, (se sim) quantos filhos tens, (se não) sorriem e eles próprios afirmam que ainda não chegou a altura!

Claro que, no inicio, ficamos muito desconfiados com tanta pergunta, pois não passa pela cabeça de ninguém com o juízo todo, virar-se seja ele para quem for, inclusivamente para pessoas que já conhecemos há bastante tempo e com as quais até já temos uma certa confiança, e começar com semelhante interrogatório.

Ao fim de uma meia dúzia de interrogatórios, já estamos habituados e já decoramos, não só as respostas, como a sequência das perguntas (que é sempre a mesma) e até achamos graça!

Ao fim de uns 100 interrogatórios já não os podemos ouvir e já estamos a deitar fumo pelas narinas, mas eles, sempre com aquele sorriso na face que enche qualquer coração de calor, fazem-nos perder imediatamente a coragem de sermos grosseiros ou ter alguma resposta mais ríspida.

Esta é a forma deles nos conhecerem melhor e inclusivamente absorver alguma informação sobre o nosso país, como por exemplo onde fica, o clima, etc. embora não façam uma pálida ideia da sua localização. Quando lhes dizemos que vimos de Portugal, as afirmações repetem-se sempre pela mesma ordem: Cristiano Ronaldo, Luís Figo e José Mourinho “The special one”. Como são excelentes “memorizadores”, apenas é necessário dizer as coisa uma vez. Se nos voltarem a encontrar, na praia por exemplo, desbobinam todas as informações que lhes fornecemos anteriormente!

O cumulo desta prática aconteceu-nos uma vez quando íamos de Candidasa para Balian passando por Denpasar e estávamos parados num semáforo, de mapa em punho, a tentar decifrar qual o caminho a seguir, de vidros totalmente abertos pois o calor era arrasador (o carro tinha AC, mas quem vai à procura de calor não liga o AC, certo?), no meio de dezenas de motas, carros, camiões e com duas pranchas presas no tejadilho. Quando tal, pára um local (muito sorridente) de mota do lado do Jorge e pergunta-lhe para onde íamos, ao qual nós respondemos “Para Balian”. Ele acenou com a cabeça de forma aprovadora, repetiu o que o Jorge disse e seguiu o seu caminho em direcção à primeira fila do semáforo. Eu e o Jorge ficámos de boca aberta a olhar um para o outro, mas rapidamente a cena repetiu-se e ficámos a saber que até no trânsito acontecem estas coisas.

Os homens são mais tímidos e “mal encarados” dos que as mulheres que são mais “descaradas” e atrevidas. No entanto, mal começamos a falar com eles podemos ver que tudo isso desaparece mostrando as maravilhosas pessoas que são.

Também gostámos muito da forma como são carinhosos com as crianças. Não só com as suas mas também com as dos turistas. Não podem ver um bebé ou uma criança pequena que já não saem da sua beira. E não são só as mulheres: os homens também são muito carinhosos.

Sempre a tentar vender qualquer coisa – T’shirts, CD’s, DVD’s, Gelados, Óculos, Colares, Massagens, transporte (mesmo sabendo muitas vezes que tínhamos carro!)… - acabam por ser maçadores, mas como são tão calmos e simpáticos, é impossível não ficar à conversa um bom bocado. A maior parte das vezes não nos vendiam nada, mas às vezes lá nos conseguiam impingir qualquer coisa!

Enfim, é um povo muito caloroso e hospitaleiro, que faz tudo o que está ao seu alcance para agradar ao próximo, não só aos turistas, mas também aos seus semelhantes.

Muito ficará certamente por dizer relativamente às pessoas, mas ficarão com uma ideia de como é o povo de Bali.

domingo, 18 de maio de 2008

De volta e já cheia de saudades...


Pois e, lá se diz "o que é bom acaba depressa" e é bem verdade. Ainda um dia destes estava a planear as minhas férias e agora já cá estou para contar como tudo foi. Uma vez que não consegui ir actualizando o blog diariamente, não poderei agora num só post descrever todas as maravilhas que vivi neste últimos 22 dias. Assim decidi ir colocando posts por temas: as pessoas, o trânsito, a comida, o clima, a religião, as praias, os animais, as plantas, etc. Em cada um abordarei as particularidades do que se vive em Bali, ou pelo menos, do que eu vivi em Bali e também em Singapura, visto que fiz escala na ida e fiquei dois dias planeados no regresso.
Vou colocando os posts à medida da minha disponibilidade de tempo, pois como devem calcular, amanhã começa de novo a rotina do trabalho, o que corta em pelo menos, 75% da disponibilidade de me dar a estes prazeres de (re)lembrar as férias.
Para já, deixo um link com uma música do Donavon que espero que gostem. Faz-me lembrar que, quando estou aqui, sou livre de "viajar" por onde me apetece. Deixo também uma foto da flor mais linda e cheirosa que alguma vez vi na vida: Frangipani. É a flor a que os Balinenses chamam de Jepun. Oferecem diariamente aos Deuses nos seus rituais das oferendas e utilizam para adornar os cabelos. Apreciem a sua beleza e vão estando atentos às novidades!