sábado, 16 de janeiro de 2010

O inferno no Haiti

Quando vejo as notícias sobre a tragédia no Haiti, não posso deixar de ficar profundamente angustiada e triste. O drama humano que se vive lá, é inimaginável para qualquer um de nós (inclusive para mim).

Imagino o que seria chegar a casa, após um dia de rotina normal, e ter a casa toda destruída. Um terror absoluto. Mesmo assim teria família, amigos, conhecidos que me dariam apoio, comida, abrigo.

Aquelas pessoas, para além de terem ficado sem tecto, o que me parece ser o menos importante no meio disto tudo, perderam família, amigos, conhecidos, não têm água, luz, comida (coisas tão básicas) e têm agora que enfrentar as doenças que proliferam por falta de condições básicas de higiene, as pilhagens daqueles que fazem por sobreviver e possivelmente a oportunidade de pessoas sem escrúpulos que irão tirar proveito da sua débil situação.

Comparo esta situação àquela vivida aquando do Tsunami que varreu a Ásia, deixando também um rasto de destruição.

Dois anos após o Tsunami estive de férias na Tailândia e, de visita às ilhas Phi Phi, tudo à nossa volta lembrava ainda a passagem daquele terror que levou milhares de vidas com ele.

As rotas de evacuação do Tsunami, os edifícios em escombros e a reconstrução não deixavam dúvidas do que por ali tinha passado.

Para mais, o testemunho de quem viveu estes momentos difíceis no local e que relembram com muita dor (outros nem sequer aceitam falar disso) o que se passou, torna todo este cenário absolutamente irreal.

Lamento profundamente a perda das cerca de 50.000 vidas (números adiantados até ontem ao final do dia) e das consequências que esta situação trará no futuro.

Ironia do destino, estas coisas acontecem sempre nos países mais pobre e mais sobre-povoados, onde as condições de vida já eram uma desgraça e à qual se veio juntar a desgraça absoluta.

No meio de tudo isto, há sempre uma história com final feliz. Neste caso a de uma menina de 15 dias que sobreviveu no meio dos escombros e foi encontrada com vida. Está bem de saúde e irá recuperar de uma ferida na cabeça. No entanto, perdeu a mãe. Ficou órfã. O seu destino mudou radicalmente no espaço de 15 min. A vida é assim, cruel e estranha. Num momento tudo corre suavemente e no momento seguinte tudo fica virado de pernas para o ar.

Também é de louvar que figuras públicas se tenham imediatamente organizado no sentido de enviar apoio às vítimas. A eles o meu muito obrigada.

Nestas alturas adorava pertencer a uma ONG que me pudesse levar para o local para ajudar, de alguma forma, as pessoas que estão a viver o inferno. Puder deixar tudo para trás e partir para este objectivo. Não seria uma grande ajuda, provavelmente. O Jorge diz que não me queriam lá para nada, pois só iria estorvar, uma vez que não tenho conhecimentos técnicos que ajudassem a resolver o que quer que seja.

Aceito. No entanto, alguma contribuição poderia dar para aliviar aquele sofrimento.

Seria a experiência mais dura da minha vida, mas seria certamente a mais gratificante!

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