E as provas continuam...

Como se não basta-se tudo o que está a acontecer aos Haitianos, mais uma vez estão a ser postos à prova nesta terrível e desumana catástrofe.

Agora o problema são as crianças, como já aconteceu noutras catástrofes. Mas, o que vi na televisão, deixou-me deveras angustiada.

Um grupo de Americanos pertencentes a uma congregação religiosa Baptista que se preparava para levar do país cerca de 30 crianças com pai e mãe, se bem que estavam a levar para adopção ilegal, não os estavam a tirar aos país: os pais DERAM as crianças para lhes permitir ter algum futuro longe daquela desgraça toda. Não faço ideia do que será dar um filho. Imagino ter que dar a gata que mora aqui na rua e essa ideia deixa-me absolutamente angustiada!! E é uma gata vadia!! Agora um filho, deverá ser uma das maiores provas que um ser humano poderá passar na vida!!

E para mim, é também uma das maiores provas de amor que poderá haver. Sofrer horrores para garantir que os filhos têm um futuro melhor no longo prazo, não é de todo algo que alguém deseje para si.

Por outro lado, fica a angustia de saber se o filho encontrou pessoas correctas, que o tratem bem, que lhe assegurem um futuro normal...

Enfim, por que mais provações terá que passar esta gente??

A melhor recompensa

Estou muito feliz. Isto porque, logo pela manhã, ouvi no noticiário que, por todo o mundo, artistas, famosos e poderosos se estão a mobilizar para ajudar o Haiti a reerguer-se dos escombros!

É tão bom saber que não se ficam só pelo seu mundinho de Glamour!! Metem mão à obra e ajudam como podem: no local (por exemplo o Sean Penn está neste momento no local a ajudar), a cantar (U2 como não poderia deixar de ser, Madonna, Coldplay, Beyonce, Shakira...) a organizar acções (o nosso querido George Clooney...), a doar grandes quantias em dinheiro e muitas outras iniciativas por esse mundo fora.

Por cá, sei que o concurso "Quem quer ser Milionário" já está a gravar um programa de ajuda ao Haiti e espero que muitas outras iniciativas sejam postas em prática. Somos um povo com fama de ajudar o próximo: vamos lá então mostrar o que valemos!! Para já, já foram enviadas várias equipas de socorro para o local. Boa iniciativa!!

No entanto, há sempre quem duvide da boa vontade desta gente, achando que é apenas para se promoverem e no caso das instituições de ajuda, é para se encherem de dinheiro. Para mim isto são opiniões de quem se quer desculpar por não querer contribuir, com o pretexto de que "a ajuda acaba por ficar pelo caminho...". Desculpas!!

Como podemos ver, todas aquelas pessoas no local precisam ser financiadas. Alguma ajuda ficará pelo caminho, mas a maior parte dela chegará ao destino e fará a felicidade de quem tanto precisa...basta ver estas carinhas lindas a sorrir e não é necessário dizer mais nada!!

O inferno no Haiti

Quando vejo as notícias sobre a tragédia no Haiti, não posso deixar de ficar profundamente angustiada e triste. O drama humano que se vive lá, é inimaginável para qualquer um de nós (inclusive para mim).

Imagino o que seria chegar a casa, após um dia de rotina normal, e ter a casa toda destruída. Um terror absoluto. Mesmo assim teria família, amigos, conhecidos que me dariam apoio, comida, abrigo.

Aquelas pessoas, para além de terem ficado sem tecto, o que me parece ser o menos importante no meio disto tudo, perderam família, amigos, conhecidos, não têm água, luz, comida (coisas tão básicas) e têm agora que enfrentar as doenças que proliferam por falta de condições básicas de higiene, as pilhagens daqueles que fazem por sobreviver e possivelmente a oportunidade de pessoas sem escrúpulos que irão tirar proveito da sua débil situação.

Comparo esta situação àquela vivida aquando do Tsunami que varreu a Ásia, deixando também um rasto de destruição.

Dois anos após o Tsunami estive de férias na Tailândia e, de visita às ilhas Phi Phi, tudo à nossa volta lembrava ainda a passagem daquele terror que levou milhares de vidas com ele.

As rotas de evacuação do Tsunami, os edifícios em escombros e a reconstrução não deixavam dúvidas do que por ali tinha passado.

Para mais, o testemunho de quem viveu estes momentos difíceis no local e que relembram com muita dor (outros nem sequer aceitam falar disso) o que se passou, torna todo este cenário absolutamente irreal.

Lamento profundamente a perda das cerca de 50.000 vidas (números adiantados até ontem ao final do dia) e das consequências que esta situação trará no futuro.

Ironia do destino, estas coisas acontecem sempre nos países mais pobre e mais sobre-povoados, onde as condições de vida já eram uma desgraça e à qual se veio juntar a desgraça absoluta.

No meio de tudo isto, há sempre uma história com final feliz. Neste caso a de uma menina de 15 dias que sobreviveu no meio dos escombros e foi encontrada com vida. Está bem de saúde e irá recuperar de uma ferida na cabeça. No entanto, perdeu a mãe. Ficou órfã. O seu destino mudou radicalmente no espaço de 15 min. A vida é assim, cruel e estranha. Num momento tudo corre suavemente e no momento seguinte tudo fica virado de pernas para o ar.

Também é de louvar que figuras públicas se tenham imediatamente organizado no sentido de enviar apoio às vítimas. A eles o meu muito obrigada.

Nestas alturas adorava pertencer a uma ONG que me pudesse levar para o local para ajudar, de alguma forma, as pessoas que estão a viver o inferno. Puder deixar tudo para trás e partir para este objectivo. Não seria uma grande ajuda, provavelmente. O Jorge diz que não me queriam lá para nada, pois só iria estorvar, uma vez que não tenho conhecimentos técnicos que ajudassem a resolver o que quer que seja.

Aceito. No entanto, alguma contribuição poderia dar para aliviar aquele sofrimento.

Seria a experiência mais dura da minha vida, mas seria certamente a mais gratificante!