Quando estamos parados naquelas filas intermináveis da VCI em hora de ponta a protestar por os carros estarem a mandar tantos gases com efeito de estufa (embora alguns deles utilizem já energias alternativas como o biodiesel e outros já sejam híbridos) sem saber porque existem 3 organizadas filas de trânsito que avançam lenta e ordeiramente em direcção à Ponte da Arrábida, devemos sempre pensar em Bali e, então, até parece que a fila começa a andar mais rápido!!
Em Bali não há, ou melhor, parece não haver regras na estrada. É o salve-se quem puder. Os únicos sinais respeitados são o sinal de STOP e os semáforos. As passadeiras só lá estão para enfeitar a estrada, pois ninguém consegue atravessar numa passadeira e, se por acaso (como era o nosso caso) alguém pára para dar passagem a um peão, quem vai a atravessar, corre o sério risco de ser atropelado por motas ou outros carros que ultrapassam o carro que parou para dar passagem!!
A condução é feita pela esquerda (volante à direita), embora possamos encontrar muitas vezes pessoas a conduzir pela direita!! Independentemente do número de faixas existentes na estrada (que em geral são uma no máximo duas para cada lado), as filas são tantas quantas se conseguirem fazer. Eu explico: Quando parávamos num semáforo, passado pouco tempo reparávamos que, para além de estarmos rodeados de motas por todos os lados (só estas fazer umas 5 ou 6 filas) começavam também a acumular-se outros carros, camionetas e camiões. Quando o semáforo abria, primeiro era preciso ter cuidado com as motas, depois era o salve-se quem puder a arrancar. As estradas não são más de todos nos grandes centros urbanos como Kuta e Denpasar. Mas, á medida que nos afastamos vão piorando a olhos vistos!
Mas, no meio deste caos total, os balinenses entendem-se muito bem. O único elemento destabilizador do seu trânsito caótico são os turistas que teimam em alugar carros e motas e vêm com a mania das regras, das filas, das prioridades, de parar para deixar passar alguém (nem pensar em fazer semelhante em Bali!) e acabam por desorganizar o que por natureza já está organizadamente desorganizado!
Quando chegámos a Bali, para não variar e como bons turistas que somos, alugámos um todo-o-terreno Suzuki Katana. Nem vale a pena falar das condições em que se encontrava o veículo: os cintos de segurança eram um filme para apertar, a suspensão talvez tenha existido em tempos mas já tinha acabado e a velocidade máxima seriam uns 80 Km/h (para ser boazinha!). Enfim, uma desgraça. Como se não basta-se, as emissões de GEE (Gases com Efeito de Estufa) deveriam ser proibitivas em Portugal (Em Bali não existe a rotina da Inspecção Automóvel). A boa notícia é que a gasolina (o nosso “Jeep” era a gasolina, imagine-se!) custa a módica quantia de Rp 4.500, ou seja, aproximadamente 0,30€, o que dá para fazer quilómetros à vontade sem estar sempre a olhar para a carteira!
Lá nos metemos no carro e após algum período de adaptação, como o lado certo da estrada para conduzir, buzinar a toda a hora e o reconhecimento de que é cada um por si, lá fomos nós em “digressão” pela ilha conhecer as coisas bonitas de que tanto ouvimos falar.
Nestes nossos passeios, assistimos a coisas do “arco da velha”. No caminho entre Candidasa e Medewi, apanhámos imenso trânsito. Camiões, autocarros, motas, enfim, muito de tudo. Os camiões, autocarros, carros, motas a ultrapassar camiões, autocarros, carros, motas (em estradas de uma só faixa para cada lado) com camiões, carros, motas e autocarros a vir de frente (atenção que por vezes uma faixa dividia-se em 3!), com galinhas, pintos, gatos, cães, crianças e adultos na berma da estrada quase a serem passados a ferro…. Enfim, só vendo para crer. Sempre dando uma buzinadelinha como que a dizer “Atenção que eu aqui vou!” e assim se vai a todo o lado.
A noção de distância em Bali mede-se em horas e não em km pois, com toda esta confusão, por vezes 60 km demoram 4 horas a fazer!!
Nunca vimos carros de instrução, o que nos levou a questionar como será que eles adquirem a carta de condução, mas também nunca vimos nenhum acidente, embora um estrangeiro residente em Bali nos tenha dito que, por semana, morrem cerca de 20 pessoas de acidente de mota.
Mas, desengane-se quem pensa que Bali é o pior sítio do mundo para conduzir. Conhecemos um alemão que nos disse ter feito uma viagem por toda a Europa a conduzir e adivinhem qual foi o país que ele achou mais perigoso e com menos civismo para conduzir? Nem mais, o nosso querido Portugal!!
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